O plano de Ledo tinha um alcance muito maior, sabia ser imperioso fazer cessar urgentemente o clima de rivalidade dentro da própria Maçonaria e, principalmente, influenciar o Príncipe no processo de emancipação do País. Em sessão do Grande Oriente, realizada no dia 2 de agosto, sob a presidência de Gonçalves Ledo, D. Pedro foi proposto para o cargo de Grão Mestre, sendo criado, para acomodar José Bonifácio, o cargo de Grão Mestre Adjunto, que não existia. Naquela sessão, Gonçalves Ledo propôs também que D. Pedro fosse proclamado, pelo povo, Rei do Brasil, quando, na coluna do Sul, bradou o maçom Domingos Alves Branco: REI. NÃO!
Gonçalves Ledo, surpreendido com o aparte já se preparava para contradizer o irmão, quando este completou, entusiasmado, sua frase: IM-PE-RA-DOR!.
Finalmente, em sessão do Grande Oriente, realizada em 20 de agosto, na Loja Comércio e Artes, presidida pelo Primeiro Vigilante, Gonçalves Ledo que, em discurso inflamado, demonstrando com sólidas razões que as circunstâncias políticas da Pátria exigiam imperiosamente que fosse proclamada, de pronto, a Independência Política do Brasil, o que recebeu aprovação unânime e, já no dia 23, em nova reunião do Grande Oriente, foram nomeados emissários que deveriam tratar da proclamação nas diversas Províncias. Seguiu para Minas: Cônego Januário Barbosa; para Pernambuco: João Mendes Viana; para Bahia: o Brigadeiro José Egídio Gondilho da Barbuda, todos maçons.
Como se vê, Gonçalves Ledo foi a grande figura na lendária sessão de 20 de agosto de 1822, estando mais uma vez ausente, José Bonifácio.
O Grito do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, foi tão somente um ato público, isto é, “decorativo”. Quando voltava de Santos para São Paulo, ladeado por dragões de sua guarda de honra, recebendo despacho, que segundo se diz, trazia ordens inaceitáveis da Corte Portuguesa ordenando seu regresso a Lisboa, D. Pedro I puxou da espada e ratificou a decisão maçônica de 20 de agosto, dizendo:
INDEPENDÊNCIA OU MORTE.
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